segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Da arte de correr atrás de São Cosme e Damião

Dos 7 aos 22 anos nós tivemos e moramos em um apartamento dentro de um condomínio de 12 prédios em Jacarepaguá, ali perto da Cidade do Rock. Como o condomínio era fechado, a gente ficava na "rua" o dia inteiro, brincando quando crianças, depois sentados nas noites de verão conversando sobre a vida e o futuro.
Mas quando eu era criança, essa coisa de doce de São Cosme e Damião era super séria. A gente se degladiava nas portarias de cada prédio por conta de doce que as senhoras moradoras distribuíam.
Só que minha mãe não gostava muito dessa ideia, simplesmente porque depois do segundo prédio, ela não podia me ver mais da janela, então muitas vezes eu fiquei sentada na cistena enquanto todos os meus amiguinhos iam atrás de doce felizes da vida.
Porque o lance do São Cosme e Damião é a briga em si, quem pega mais saquinho na porrada e tal, não é juntar e comer o doce depois. Até porque, no nosso bloco, mais especificamente, a gente era meio Novos Baianos, tudo era de todo mundo, as mães cuidavam dos filhos de todo mundo. Então, o que acontecia, geralmente, era dividir os doces igualmente depois da corrida.
E eu, no alto do meu empreendedorismo, resolvi terceirizar o serviço. Convocava dois ou três, pedia pra pegar os saquinhos pra mim nos outros blocos e prometia divisão igualitária depois.
Mas a divisão igualitária continha apenas maria mole e o doce de abóbora, que eu não suporto até hoje. A confusão era sempre na hora de ver quem ficava com os guarda-chuvas de chocolate, quando eles não eram comidos pelo caminho até chegarem em mim.
Hoje fico me imaginando como deve ter sido o dia dos meus antigos vizinhos que continuaram lá e estão correndo atrás de santinho puxando seus filhos pela mão...
Saudades!

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