quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Da arte de se ter 24 anos e ir trabalhar bêbada

Quando eu estava acabando a faculdade e consequentemente saindo do estágio que eu fazia lá, meu chefe da época me indicou para um estágio em uma tv pública. Tive muito medo dos novos desafios, afinal eu já estava no ninho do estágio da faculdade há quase dois anos.
Enfim, como também não tinha muito pra onde correr, fui.
E lá trabalhei com pessoas maravilhosas, amigos que carreguei durante o ano que fiquei lá e carrego ainda hoje.
Mas a coisa mais engraçada que eu me lembro de minha passagem lá, foi no dia que eu consegui chegar às 15hs para ir trabalhar, bêbada.
Porque você pode pensar: "Ah, a Manu, aquela bêbada", mas na época eu pouco bebia cerveja gente. E no dia anterior, encontrei Bochecha e Bernardo e juntos, nós consumimos mais de 12 garrafas de cerveja. Tudo bem, que eles bebiam muito mais do que eu, mas eu não saí nem um pouco tonta de lá, não lembro de ter ficado nem um pouco legalize.
E no dia seguinte, como eu só entrava no estágio às 16hs, Bernardo me chamou para encontrar com ele e Bochecha para uma feijoada no Centro.
Fui eu, toda leve e faceira almoçar com eles e seguir para meu trabalho, assim como todo mundo faria. Bernardo, muito gentil e educado, pediu logo uma dose de cachaça pra gente, pra abrir o apetite. Bastou.
Mesmo depois de todo o prato de feijoada, eu fiquei a mais legalize de todas, mal conseguia entrar no táxi com o Bochecha. O pior foi saltar na Beira Mar e ir andando até o trabalho. Mas consegui e lá cheguei, cumprimentando a todos com um sorriso nos lábios e tentando me manter de pé da melhor forma possível. Foi então, que me dirigi ao estúdio me arrastando pelas paredes, crente crente que ninguém tava me vendo, quando um amigo passou por mim e perguntou: "Manu, você tá bêbada?" Eu ria descontroladamente e eis que num súbito grito, ouço que a sessão já está começando no plenário e eu que tinha que estar lá embaixo fazendo as imagens. Fiquei careta na hora, saí pelas escadas alucinada e numa travessia que durou menos de 2 minutos, cheguei elegantemente ao meu lugar e lá fiquei fazendo as imagens, enquanto mantinha contato via fone e microfone com a diretora de corte, minha amiga e môzão, Fernanda Schetine.
De repente, eu vejo um sósia do nosso chefe e começo a rir descontroladamente, fazendo imagem dele na câmera 3 e nem sinal de Fernanda Schetine comentar alguma coisa. Aí eu comecei a chamá-la pelo fone e disse: "Fernanda, olha o pai do fulano na câmera 3". E a Fernanda começou a rir, chamou a equipe inteira e eu a rir no plenário e eles a rirem lá em cima.
Depois do bafafá, todo mundo voltou ao normal e eu a rir descontroladamente e Fernanda pra mim: "Manu, você tá bêbada?" E eu: "Tô" Aí ela: "Porque você tá muito engraçada hoje, devia vir assim todos os dias".
E agora que meu fígado tem 27 anos e eu já o gastei o suficiente, não consigo vir trabalhar nem de ressaca no dia seguinte. É muito ruim a gente crescer, né?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sobre a festa de 80 anos da minha vó

Minha vó Myrthes fez 80 anos no dia 9 de setembro desse ano, data que tem o costume de ser celebrada pela nossa família há algumas gerações, desde que os antigos conseguiam durar 80 anos.
E já na festa de 79 anos, minha mãe, no auge de sua eloquência internacional, resolveu abrir uma caderneta de poupança e dividir a família em carnês pra ajudar a pagar a festa que ela queria organizar pra mãe dela e de mais 4 irmãos.
Então ela, meus tios, eu e minha irmã e Nairinha, afilhada da minha vó e nossa prima (resumidamente todo mundo que tinah salário pra contribuir), depositávamos R$ 100,00 todos os meses para fazer a festa de vov's Myrthes.
E a cada mês, minha mãe ia pechinchando preço de bufê, comparecia em degustação, recebia uns docinhos em casa. Imagina como nossa vida não foi um inferno nesses últimos 12 meses.
Eis que, um belo dia, vov's Myrthes liga de Mangaratiba, onde ela mora por 5 meses do ano com tio Cary e tia Dídima, e diz que a televisão dela quebrou e que ela queria que minha mãe pegasse o dinheiro da pensão dela para comprar uma nova.
Minha mãe, ainda no auge de seu destemperamento, resolveu fazer uma assembleia entre todas as pessoas que faziam seus depósitos, para saber se era coerente pegar uma parte do depósito para comprar uma televisão nova pra minha vó.
Agora imagina. Porque nada disso foi assim a bico seco. Ela reuniu 7 pessoas que depositavam mais seus acompanhantes num big almoço de sábado lá em casa, com degustação de pro-seco e de drinks que seriam servidos na festa, mais sei lá quantas coisas.
E no fim, o veredicto: minha vó ganhou uma tv nova com o dinheiro dos depósitos.
Vou nem precisar falar que agora a gente faz depósito pra tudo na família, né?
Próxima meta são os 50 anos da tia Cristina na Disney, opaaaa!!!!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Da arte de correr atrás de São Cosme e Damião

Dos 7 aos 22 anos nós tivemos e moramos em um apartamento dentro de um condomínio de 12 prédios em Jacarepaguá, ali perto da Cidade do Rock. Como o condomínio era fechado, a gente ficava na "rua" o dia inteiro, brincando quando crianças, depois sentados nas noites de verão conversando sobre a vida e o futuro.
Mas quando eu era criança, essa coisa de doce de São Cosme e Damião era super séria. A gente se degladiava nas portarias de cada prédio por conta de doce que as senhoras moradoras distribuíam.
Só que minha mãe não gostava muito dessa ideia, simplesmente porque depois do segundo prédio, ela não podia me ver mais da janela, então muitas vezes eu fiquei sentada na cistena enquanto todos os meus amiguinhos iam atrás de doce felizes da vida.
Porque o lance do São Cosme e Damião é a briga em si, quem pega mais saquinho na porrada e tal, não é juntar e comer o doce depois. Até porque, no nosso bloco, mais especificamente, a gente era meio Novos Baianos, tudo era de todo mundo, as mães cuidavam dos filhos de todo mundo. Então, o que acontecia, geralmente, era dividir os doces igualmente depois da corrida.
E eu, no alto do meu empreendedorismo, resolvi terceirizar o serviço. Convocava dois ou três, pedia pra pegar os saquinhos pra mim nos outros blocos e prometia divisão igualitária depois.
Mas a divisão igualitária continha apenas maria mole e o doce de abóbora, que eu não suporto até hoje. A confusão era sempre na hora de ver quem ficava com os guarda-chuvas de chocolate, quando eles não eram comidos pelo caminho até chegarem em mim.
Hoje fico me imaginando como deve ter sido o dia dos meus antigos vizinhos que continuaram lá e estão correndo atrás de santinho puxando seus filhos pela mão...
Saudades!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A ida daquela mulher a Porto Seguro

Na minha casa somos eu, minha irmã oficial da Marinha, minha mãe aposentada e meu pai aposentado nos dias úteis, nos finais de semana, ainda tem meu cunhado oficial da Marinha.
Fato é que até 5 anos atrás eu e minha irmã morávamos com minha vó em Botafogo, minha mãe aposentada em Jacarepaguá e meu pai ainda na ativa na plataforma da Petrobras de 15 em 15 dias; meu cunhado eu não sei, porque a gente ainda não conhecia ele.
Nesse ínterim, meu pai teve a brilhante ideia de se aposentar, comprar o apartamento que minha mãe escolheu em Botafogo e fomos todos morar felizes e contentes juntos; sem o cunhado ainda, calma, que ele chegou depois...
Então, desde que os dois foram intitulados como aposentados pelo governo federal, todo ano eles fazem uma viagem, até porque meu pai enche a boca pra dizer que "se aposentou pra levar a Mirtinha onde ela quisesse". Valeu, hein?
E esse ano eles foram a Porto Seguro. Foram passar uma semana lá, descansando e martelando muito caranguejo na beira da praia. Estou fazendo um resumo rápido, porque uma pessoa que mesmo com 27 anos está há 4 sem férias, não tem mais estrutura emocional e psicológica pra falar das pessoas que viajam por prazer e a passeio.
Dois dias depois que eles chegaram lá, a casa já estava uma zona, a louça no teto, eu comendo Miojo pela quarta refeição seguida, um frio desgracento aqui no Rio, eu com uma mau humor fora do habitual, acordando 8 da manhã pra trabalhar e atendo uma ligação de momy's Mirtes: "Oi minha filha, tudo bem?" "Tudo bem, mãe" "Já acordou?" "Já, né, tô indo trabalhar, tá mó friaca aqui..." "Ah, tá. OLha, tô ligando pra dizer que está tudo bem aqui, eu e seu pai estamos indo pra Trancoso, caso o celular não pegue, você já sabe..."
Preciso nem dizer como eu fiquei satisfeita com essa informação, né? Vocês conseguem ver o sorriso nos meus lábios? Nem eu!!!!
Xinguei tanto essa mulher nesse dia, ela nem sabe... Pelo menos ela trouxe uns suvenirs super úteis: uma cocada mole q eu odiei, uma blusa que não coube em mim, umas fitinhas de Senhor do Bonfim e mais de 120 fotos que eu tive que editar e mandar pra impressão.
Amo Muito Tudo Isso...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobre a síndrome da eterna insatisfação

Eu me lembro de na escola e na faculdade, na aula de filosofia, ter estudado sobre a busca eterna da felicidade e as consequências humanas para esta procura infinita pelo bem estar físico e mental. Lembro também, inclusive, de ter até dado meus pitacos sobre isso, ainda bem leiga no assunto.
Mas depois de 27 anos nessa busca incessante e conversando com amigos meus na mesma faixa etária, vejo que está cada vez mais avançada esta síndrome da insatisfãção eterna.
Antigamente, eu não via as pessoas reclamando tanto de suas vidas, fazendo contagens de 24 em 24 horas. Eu via pessoas normais, reclamando das coisas de vez em quando e só.
Hoje em dia, todo mundo é jovem durante um período maior de tempo, todo mundo tem muito mais dúvidas sobre suas profissões e todo mundo queria ser rico pra não precisar trabalhar.
Mas e aí? Se todo mundo conseguisse alcançar o que almeja em segundos, como um toque da varinha de alguma fada madrinha mágica, seria muito mais feliz ou muito mais feliz?
Afinal, o que faz cada um estar de bem consigo mesmo, com suas conquistas e suas vidas?
Outro dia escutei da minah estagiária, que se trabalhar fosse ruim mesmo, ninguém passaria 30-35 anos da sua vida trabalhando.
Mas e quando a insatisfação é com alguma parte do corpo? Com um membro da família que voce queria deserdar se possível?
São tantas questões que envolvem o ser humando hoje em dia, que fica difícil tomar um único pó de pirlimpimpim para dissolver toda a angústia existencial que carregamos.
Será que na época que a Xuxa descia da nave, éramos todos mais felizes e satisfeitos?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Da difícil arte de almoçar em Copacabana

Se você trabalha, estuda, mora ou tem que almoçar na rua em Copacabana por algum outro motivo, deve saber o quão chato e complicado é. Principalmente para alguém tão Sr. Saraiva quanto eu _ tolerância zero.
A quantidade de velho que habita Copacabana por metro quadrado só deve ser inferior ao final de semana com seresta em Conservatória. E não, isso não é bom.
Eu adoro velho, amo minha vó que acabou de fazer 80 anos, tenho pena, ajudo, observo, reflito, mas velho é uma coisa bem sem noção.
Velho que anda sozinho então, que já perdeu a auto-censura é pior ainda.
Geralmente eu almoço no Monchique, um quilo aqui na Nossa Senhora barato e bem variado; muito bem frequentado por TODOS os velhos da região.
A exemplo do que eu estou falando, na semana passada, estou eu linda e bela com meu pratinho, servindo minha comidinha e de repente uma velha grudou em mim. Começou a conversar, pegava todas as colheres e mexia em todas as comidas. Qual não foi a minha surpresa quando olhei pra trás e vi que a velha não tinha nem o prato na mão, que ela só estava ali pra ver e mexer na comida.
Eu duvido que a mãe desta velha tenha dado essa educação de sair mexendo à revelia na comida assim, nem a minha mãe que foi a mais ausente do mundo deixou que eu fizesse isso, me colocando de castigo na mesa da cozinha todas as vezes que eu me comportei mal durante as refeições.
Eu não sei mais onde esse mundo vai parar, porque, fato, o mundo está ficando cada vez mais velho e esses velhos, por sua vez, cada vez mais mal educados...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

De cara de pau também se vive

É galera, é muita cara de pau a pessoa dizer que tem um blog e ficar mais de 5 meses sem vir aqui e dizer um oi.
Mas isso só mostra a minha real vontade perante às coisas que me dão prazer na vida. Também detesto escrever e ficar reclamando, reclamando, reclamando. Acho que já basta a vida de cada um para ninguém mais querer ouvir das tristezas alheias.
Nesse meio tempo eu troquei de emprego, de novo, fiz 27 anos, tive 3 crises de pânico em 2 meses de trabalho e descobri que não estou seguindo o caminho certo da minha profissão; não aquela que eu me formei na esperança de me dedicar e ser uma boa profissional.
Pelo contrário. Acredito que sou uma excelente assessora de imprensa, com dezenas de publicações que comprovam isso.
Mas a grana não tá legal, eu não tô legal, e hoje, especialmente, está tudo meio assim.
Até joguei na loteria pra ver se me animo um pouco, mas tá difícil. Esses dias eu só tenho vontade de chegar em casa, dormir e não ir trabalhar no dia seguinte...
Medo de não conseguir realizar as coisas que eu realmente me planejo, medo de não saber o que é alegria de viver nunca.
Mas, vida que segue, vou fazer o que?
Estou num método AA total: mais 24hs, mais 24hs...