quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Eu não sou de esquerda, mas deveria

           Primeiro de tudo, eu quero que você saiba que eu escrevo melhor à mão. Contrariando tudo que eu tenho apresentado ultimamente com a mão esquerda, sou destra. E aproveito esta capacidade, não tão inusitada assim, para escrever. Melhor. O digital facilita muita coisa, mas procurar as letras certas junto com os pensamentos que fervilham pode ser uma atividade um pouco mais limitante. E eu não quero que você pense que eu me limito a alguma coisa. A qualquer coisa.

A mão esquerda tá aqui, quietinha, apoiada no papel do caderno para ele não deslizar. A mão esquerda, que ultimamente parou de ficar quieta. E que aprendeu a deslizar tão bem. Porque, apesar dela ter tido outra função ao longo de 41 anos, só há poucos meses ela entendeu que ela podia fazer mais e ser tão importante; que ela ia me representar no meio do seu prazer. Ou do meu prazer. Melhor dizer do “NOSSO” prazer.


E para o nosso prazer, a mão direita precisa dar o apoio para o corpo sustentar na posição. E aí eu preciso dividir a atenção entre o endurance na mesma posição; entre me concentrar enquanto eu ouço seu gemido agudo, quase silencioso; entre a sua covinha no rosto que aparece despretensiosamente perto do gozo; e entre um grelinho que começa tímido, mas que explode um tesão delicioso, que arrepia os pelinhos do mamilo que eu acabei de chupar e me traz uma sensação de prazer inexplicável. 


Uma mão esquerda. Quem diria. Que foi tão tolhida durante toda a vida. Que muitas vezes serviu de apoio da cabeça para momentos de exaustão. Ou só porque não sabia onde colocá-la em público. E você ensinou a função mais nobre. De destaque. E, mesmo que ela não fale em LIBRAS, eu tenho certeza que ela se sente reconhecida em seu papel atual. 


Eu não sou de esquerda, mas deveria.